segunda-feira, 5 de agosto de 2013

[Entrevista] João Barbosa, um Arquitecto Português no México

João Pedro Barbosa, Arq.
João Barbosa é um arquitecto português a viver uma aventura americana, mais concretamente no México.
Colabora no gabinete de arquitectura SAC (Studio de Arquitectura y Ciudad) do Arq. Armando Birlain, equipa que ganhou recentemente o primeiro prémio do concurso internacional de arquitectura The Micro House Ideas Competition, em Denver.
É um jovem arquitecto pelo mundo e aceitou dar ao portal APM o seu depoimento.




[BIOGRAFIA]
João Pedro Barbosa (Porto, 1985), Mestre em Arquitectura pela Universidade Lusíada do Porto em 2009, com a dissertação: Da Substância da Ausência em Louis I. Kahn – o tesouro das sombras, sob a orientação do professor doutor Joaquín Soria Torres.
Em 2007 faz uma viagem pela Europa, visitando vários países, Alemanha, Áustria, Bélgica, França, Holanda e Suíça. Colabora com o arquitecto João Laranja Queirós entre 2009 e 2013, participando, entre outros, no projecto de duas habitações em Canidelo 1+1=1. Em 2011 faz uma viagem ao México, onde visita algumas das obras do arquitecto Luís Barragán. Colabora com a arquitecta Carla Carvalho em 2011 e 2012. Colabora com os arquitectos Bruno Barbosa, Inês Ferreira, Pedro Costa e Sandra Paulo, explorando a complementaridade dos seus elementos, num espaço de discussão e criação arquitectónica, tanto na sua forma de projecto como nas suas variáveis interdisciplinares, desenvolvendo uma intensa pesquisa projectual através da participação em inúmeros concursos nacionais e internacionais em 2011 e 2012. Participa no Workshop do arquitecto Japonês Kengo Kuma em 2012 e faz uma colaboração pontual com o arquitecto russo Shamsudin Kerimov em 2013. Na actualidade trabalha no gabinete SAC – studio de arquitectura y ciudad.


[ENTREVISTA]
APM Fala-nos um pouco sobre o teu percurso académico e das tuas experiências profissionais em Portugal.

JB O meu percurso académico foi feito inteiramente na Universidade Lusíada do Porto, entre 2003 e 2008, terminando o mestrado com a dissertação “Da Substância Da Ausência em Louis I. Kahn – O Tesouro Das Sombras” em 2009.
Fiz o meu estágio profissional no gabinete de arquitectura do arquitecto João Laranja Queirós, com o qual colaborei até Fevereiro de 2013. Entre os projectos mais significativos destacam-se as casas em Canidelo (1+1=1), uma das obras vencedoras do 10º ciclo World Architecture Community Awards.

Casas Canidelo (1+1=1), Gaia - uma das obras vencedoras do 10º ciclo World Architecture Community Awards

Trabalhei também no gabinete de arquitectura da arquitecta Carla Carvalho, em 2011 e 2012.
Colaborei com os arquitectos Bruno Barbosa, Inês Ferreira, Pedro Costa e Sandra Paulo, explorando a complementaridade de todos os elementos, num espaço de discussão e criação arquitectónica, tanto na sua forma de projecto como nas suas variáveis interdisciplinares, desenvolvendo uma intensa pesquisa projectual através da participação em inúmeros concursos nacionais e internacionais em 2011 e 2012, dos quais se destaca o 5º lugar no concurso público de concepção para a elaboração do Projeto de Remodelação da antiga Estação do Caminho de Ferro de Mora/ Estação Imagem, Portugal.
Participei no Workshop do arquitecto Japonês Kengo Kuma em 2012 e fiz uma colaboração pontual com o arquitecto russo Shamsudin Kerimov em 2013.
 
5º prémio - Concurso Estação imagem, Mora

APM O que te levou a emigrar para o México?  

JB Em 2011 fiz uma viagem ao México, com o pretexto de conhecer algumas das obras do arquitecto mexicano Luis Barragán, onde descobri espaços com uma atmosfera única, “as caricias da penumbra e os mistérios da obscuridade”, a luz calma e vibrante, revela-nos juntas, reflexos, texturas, favorecendo o repouso, todos os sentidos são estimulados de forma subtil, usando as palavras de Álvaro Siza, “uma arquitectura que nos envolve como presença física, simples e densa”.
 
Teotihuacan - México
No processo de preparação da viagem fui conhecendo também os conceitos e obras de outros arquitectos mexicanos, que me despertaram algum interesse, tanto pelo uso e domínio técnico dos materiais tradicionais, como a importância dada aos espaços “entre” em cada intervenção. Em Março de 2013, surgiu a oportunidade de trabalhar no gabinete de arquitectura do arquitecto Armando Birlain (SAC – studio de arquitectura y ciudad), que me pareceu muito interessante e desafiante, pelo facto de trabalhar num contexto muito diferente do que conhecemos em Portugal, tanto a nível arquitectónico, como social e cultural. Uma oportunidade para trabalhar nos extremos, podendo num dia estar a fazer um projecto de caris social para pessoas extremamente carenciadas e no dia seguinte um projecto de completamente oposto, e encarar os dois com a mesma paixão, encontrando a forma que realiza com eficiência e beleza a síntese entre o necessário e o possível, tendo em atenção que essa forma vai ter uma vida, vai constituir circunstância.


APM Como foi a adaptação ao país? 
 
JB Estou no México á poucos meses e a adaptação ao país esta a ser gradual, é uma mudança cultural significativa, desde a aprendizagem da língua, o clima, os horários, a comida, até aos simples odores que nos invadem passeando pela cidade. As pessoas são muito acolhedoras para os estrangeiros e ajudam sempre que possível, o que torna a adaptação mais fácil, fazendo esquecer por momentos muitas das diferenças e saudades de Portugal..


APM E a adaptação a nível profissional?

JB A adaptação a nível profissional foi mais fácil, a arquitetura tem uma linguagem universal. Trabalho com arquitectos com uma formação distinta, o que é muito enriquecedor, pela partilha de conhecimentos e ideias, reflexionando sobre a natureza da arquitectura e a essência e a vontade de ser das coisas, sempre com o objectivo de criar ambientes estimulantes aos sentidos do Homem, para o seu bem-estar, para lhe transmitir algo, ou até para o ensinar.


APM Estás satisfeito a nível profissional?

JB Sim, estou satisfeito a nível profissional, o gabinete (SAC – studio de arquitectura y ciudad) tem vindo a realizar projectos interessantes e em poucos meses de trabalho ganhamos o primeiro prémio do concurso internacional de arquitectura “The Micro House Ideas Competition” em Denver, concurso no qual participei. Espero com o tempo adquirir cada vez mais conhecimento e ter a oportunidade de intervir na sociedade de maneira mais significativa.

1º prémio - Concurso The Micro House Ideas Competition, Denver

APM E a nível pessoal e social?

JB A nível pessoal e social também estou satisfeito, todos os dias algo me surpreende e há coisas novas para aprender e partilhar. As pessoas têm uma cultura muito forte pelas viagens, pela exploração e descoberta dos vários costumes e tradições existentes no país e no estrangeiro, o que me motiva a conhecer cada vez melhor o país e as suas gentes, partilhando experiências em tertúlias animadas.


APM Colocas a hipótese de voltar a Portugal num futuro próximo?

JB De momento não coloco a hipótese de regressar a Portugal num futuro próximo, com o objectivo de trabalhar em arquitectura. No México encontro um país em desenvolvimento com várias hipóteses para o meu crescimento a nível profissional e pessoal e quero aproveitar da melhor forma o que tem para me ensinar.


APM Que conselhos deixas a quem pensa emigrar?

JB O meu primeiro conselho é que emigrem, acima de tudo é uma experiência enriquecedora a nível pessoal. Por outro lado, pensem bem que objectivo querem obter com a saída do país, para assim escolher o país e gabinete de arquitectura que mais se adequa ás expectativas pretendidas. Planear todos os pormenores com antecedência e prever todo tipo de situações, mais se o país de destino fica separado de Portugal por um oceano.

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A equipa do Portal Arquitectos Portugueses no Mundo, agradece ao Arquitecto João Barbosa a disponibilidade para a realização desta entrevista e a partilha do seu testemunho. 
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